O envelhecimento extrínseco é um tipo de envelhecimento cutâneo em que os fatores influentes não são a idade ou fatores genéticos, mas sim fatores externos ao organismo. Inicialmente, denominou-se de fotoenvelhecimento, pois se acredita, ainda hoje, que o principal agente causal é a radiação, nomeadamente, a radiação ultravioleta (UV) e infravermelha (IV). No entanto, existem inúmeros fatores hoje conhecidos e comprovados como influentes e geradores de alterações significativas ao nível cutâneo conduzindo a manifestações clínicas de envelhecimento, designadamente, fatores como o tabaco, a poluição ambiental, o estilo de vida (exercício físico, alimentação, consumo de álcool), o stress fisiológico e físico. A radiação ultravioleta (UV) é uma radiação emitida pelo sol, e constituinte do espectro eletromagnético, tendo a mesma velocidade que a radiação visível variando apenas em comprimento de onda, pois possui um comprimento de onda mais curto do que a radiação visível. A radiação UV subdivide-se em radiação UVA, UVB e UVC. A primeira, UVA é a que tem maior comprimento de onda, estando ligada principalmente ao bronzeamento. Incide com a mesma intensidade ao longo de todo o dia e de todo o ano. Subdivide-se em UVA-I e UVA-II, sendo que é a UVA-II que causa maior dano, pois possui um comprimento de onda mais curto (320-340 nm), tendo uma maior capacidade de penetração (menor comprimento de onda, maior profundidade de penetração cutânea). A radiação UVB é uma radiação menos penetrante, no entanto, pode ser mais carcinogênica, pois tem um comprimento de onda menor que a UVA. Ao contrário da radiação UVA, esta radiação tem intensidade variável ao longo do dia, com o pico entre as 10h e às 16h. No que se refere às radiações UVC estas são extremamente nocivas, no entanto, são totalmente retidas na camada de ozônio.
A radiação solar não apresenta apenas efeitos maléficos, uma vez que dependemos dela diariamente a fim de podermos garantir a homeostasia do nosso corpo. É necessária para a produção de melanina e de vitamina D, estimulação da circulação, ação bactericida, e também melhoria do humor. Como referido, a radiação solar (principalmente os raios ultravioleta) em excesso é o principal indutor do fotoenvelhecimento ou também denominado por essa razão envelhecimento actínico. As alterações histológicas e estruturais provocada pelo envelhecimento extrínseco são relacionadas com local da pele:
Na epiderme
– Alteração da imunidade, devido a diminuição das quantidades de células de defesa (Células de Langerhans);
– Alteração no metabolismo das células responsáveis pela pigmentação (melanócitos), resultando no aparecimento de manchas senis;
– Aumento do espessamento actínico da epiderme devido a ação do sol, causado pelo aumento da mitose e menor descamação córnea;
– Achatamento da lâmina dermo-epidérmica, causando a sensação de excesso de pele.
Na derme
– Alteração principal a nível das fibras da Matriz Extracelular (MEC);
– Degradação das fibras de elastina devido a exposição solar, denominado elastose solar;
– Degradação de colágeno devido a estimulação das metaloproteinases, proteínas que destroem as fibras.
– Diminuição das quantidades de fibroblastos.
Clinicamente a pele “fotoenvelhecida” ou actínica manifesta diferenças significativas quando comparada com a pele naturalmente envelhecida, designadamente, maior espessura, com pigmentação irregular, há um maior número de rugas, tendo tendência a desenvolver hiperpigmentações, como efélides (sardas) ou lentigos. O caso publicado na revista New England Journal of Medicine de um caminhoneiro que apresenta um dos lados da face mais envelhecido que a outra, reforça os efeitos nocivos do envelhecimento extrínseco. A foto da face (abaixo) do homem de 69 anos, apresentou história de espessamento gradual e enrugamento da pele do lado esquerdo do rosto. O exame físico revelou hiperceratose com cavalgamento acentuado, múltiplos comedões abertos e áreas de elastose nodular.
Estudos revelam que a nível molecular existem diferenças evidentes entre o envelhecimento intrínseco (natural) e o envelhecimento extrínseco. No que se refere às fibras de colágeno é possível verificar que com o envelhecimento intrínseco há uma diminuição no que respeita ao número, mas uma manutenção da estrutura inicial. Contudo no envelhecimento extrínseco há uma diminuição do número e perda de estrutura inicial (são degradadas e danificadas por ação das enzimas, conduzindo a um aumento da flacidez da pele). Quando analisadas as fibras elásticas, há uma diferença substancial entre os dois tipos de envelhecimento. No envelhecimento intrínseco há uma manutenção do número, contudo as fibras mais superficiais desaparecem conduzindo a uma perda de elasticidade, mas no que respeita ao envelhecimento extrínseco, há uma degeneração quase que total destas e perda completa de estrutura conduzindo, portanto, a uma perda de função (elastose). No que se refere aos glucosaminoglicanos (GAG’s), verifica-se uma redução significativa do conteúdo total destes, como o sulfato de dermatan ou o ácido hialurônico (em ambos os tipos de envelhecimento), conduzindo a um aumento do espaço entre as fibras de colágeno e elastina, diminuindo a capacidade de retenção de água e eletrólitos, conduzindo a um aumento da desidratação cutânea.
Portanto, é importante reconhecer as causas e as consequências desses fatores nocivos do envelhecimento extrínseco para a pele, não só para o tratamento, mas sim para a prevenção. Sabemos que é importante aceitar o envelhecimento como parte indispensável da vida, porém, no entanto, envelhecer com qualidade, como indivíduo social, se adaptando às prevenções, é uma alternativa para se envelhecer com saúde, permitindo desfrutar seus direitos e, na medida do possível, contribuindo, com sua experiência de vida no desenvolvimento da sociedade. Divulguem esse conhecimento!!!